Não invente!

Por DANIEL NAVARRO MATIAS
Diretor de Marketing e Operações da Maringá Turismo

Já é clichê falar a respeito dos desafios da economia no Brasil como reflexo do cenário de instabilidade política, mas sempre há espaço para discutir as iniciativas que podem ser adotadas para atravessar este período. Na indústria do turismo, o segmento de viagens corporativas tem especial sensibilidade sobre o tema, de modo que o setor pode até servir de termômetro da economia do País.

Empresas dos mais diversos setores estão em busca de algo em comum: eficiência; cujo significado mais simples é “produzir mais com menos recursos”. Na definição de Peter Drucker, escritor especialista em administração, eficiência consiste em “fazer as coisas de maneira certa”. Assim, só existem duas maneiras de melhorar o resultado de uma empresa: aumentar a receita ou reduzir custos. Elas se desdobram em centenas de possibilidades, mas, em sua origem, são as duas únicas opções.

Com a economia em recesso, quais são as chances de as empresas aumentarem suas receitas? Bem restritas. Ajuste de preço é privilégio para mercados com poucos concorrentes, aumentar faturamento em um mercado que também é improvável. Portanto, a alternativa que nos resta é reduzir custos.

É por isto que o tema eficiência é tão falado atualmente. Como se reduz custos? Aumentando a sua eficiência, ou seja, produzindo mais com menos recursos, fazendo com que cada processo realize as entregas, porém com o menor tempo, consumindo o mínimo de matéria-prima, com o menor número de pessoas, com as menores perdas?

O resumo até aqui é de que o cenário econômico atual limita as possibilidades de alcance dos resultados para a redução de custos, e para isto todos precisam ser mais eficientes. A pergunta natural que vem em sequência é: Como ser mais eficiente? Os líderes neste momento indagam: “Todos os departamentos da empresa estão trabalhando no limite, as pessoas estão sobrecarregadas, os desperdícios já foram eliminados, os contratos já foram revistos, não temos mais de onde tirar” Estas frases lhe são familiares? Os questionamentos são pertinentes e a tarefa é das mais desafiadoras.

E é neste ponto que chegamos a outro conceito importante: a inovação. Há uma confusão generalizada nas organizações entre inovar e inventar. O tema é bastante amplo e não tenho pretensão de discorrer detalhadamente sobre isto, o intuito é chamar a atenção para a simplicidade que pode ser aplicada ao processo de inovação.

Inovar é fazer algo novo ou de uma nova forma, desde uma melhoria incremental em uma etapa de um processo administrativo, até a criação de um novo produto. Inventar está restrito ao campo da criação, algo que possamos afirmar que não existia antes. Desta forma, fazer algo que já existe, porém de uma forma diferente não é uma invenção, e sim uma inovação.

Confundir estes conceitos afasta as empresas do gerenciamento do tema. Invenções parecem algo restrito a mentes brilhantes, requerem dinheiro e tempo. Portanto, tenha foco e crie em sua organização a cultura da inovação em seu conceito genuíno. Promova as melhorias incrementais e as adaptações daquilo que você já tem em mãos. Isto não requer altos investimentos e o retorno acontece no curto e médio prazos.

Voltando ao contexto do setor de viagens corporativas, a gestão da inovação em uma TMC é essencial e acontece em duas esferas. A própria organização, como forma de viabilizar redução de custos e aumento de resultados, conforme discutimos; e seus clientes, igualmente essenciais, as inovações a serem entregues como contribuição aos processos inerentes ao universo de viagens do seu cliente. Lembre-se que eles também estão na busca pela eficiência e demandam esta contribuição.

Acredito que esta seja a temática principal do profissional de viagens corporativas: a inovação como ferramenta pela busca da eficiência, gerando melhores resultados. E são duas pessoas na vida deste profissional, cobrando-lhe por isto: o patrão e o freguês.

Fonte: BrasilTuris

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